Unhas
Eu não aguento mais roer as unhas . Não sei como se dá o ritual, quando vejo já perdi metade dos dedos, nem sei quando comecei. Faz tanto tempo que talvez tenha sido no dia em que me nasceu o primeiro dente- que cena horrível. Um álbum de memórias de mãos escondidas O que lembro é a série de desfile de escola, aniversário, debut, formatura e todas as ocasiões especiais possíveis em que precisei esconder a mão na hora dos cumprimentos e das fotos. E é engraçado pensar agora o quanto eu sofria, quando mais nova, com a possibilidade de alguém descobrir que eu falhava miseravelmente na corrida da estética, com os dedos mordidos, as cutículas inflamadas e as unhas tortas. Minha geração cresceu no pré-youtube, não tinha o fosso infinito de conteúdo inútil da internet para fugir do tédio. A gente se apegava a detalhes engraçados para se distrair e nisso, com a mão quase sem unhas , sofri também com a “fase esmaltes”. As gurias da minha turma falavam felizes sobre as novas cores